“Salatiel tinha indizível horror ao centro da cidade.”

… Era preciso uma grande causa para leva-lo à temível artéria. Enfrentou-a, no entanto, com galhardia, ainda mais, de terno e gravata; na esquina com Ouvidor, entrou no Banco Nacional de Minas Gerais. O motivo da incursão era conseguir um empréstimo com o José Luiz, para comprar um carrinho.”

“Mas Salatiel teve a oportunidade de comprovar – no caso dele em especial – o toque pessoal e humano que distinguia a atuação do José Luiz da de seus pares. Levou mais de dois anos para pagar, tendo reformado integralmente a promissória várias vezes. Isso aconteceu, é claro, na época romântica do desenvolvimento e da condescendência do Banco Central com o ângulo sentimental dos banqueiros. José Luiz achava sempre um jeito de arrancá-lo da aflição e até do constrangimento em relação à dívida.”

“ Mas Salatiel fazia justiça:

– Cobrar juros, todos cobram, mas só mesmo o José Luiz é capaz de se comover com um problema como o meu – estar a pé – e ouvir-me com a mesma atenção que daria a um cliente que viesse depositar um bilhão na conta popular.”