José Luiz de Magalhães Lins

Trechos de Livros

Até a Última Página

Uma história do Jornal do Brasil

Cezar Motta

Página 12

Quando o governo Fernando Henrique Cardoso, por meio do Proer liquidou extrajudicialmente, entre outros, os bancos Econômico e Nacional, descobriram-se na contabilidade dívidas de vários milhões de dólares do Jornal do Brasil, antigas e acumuladas. Durante os anos 1970, os banqueiros Frank Sá, do Econômico, e José Luiz de Magalhães Lins, do Nacional, amigos próximos de Manoel Francisco do Nascimento Brito, emprestaram dinheiro ao jornal, já assolado por vários tipos de dívidas. Como amigos, os banqueiros não cobraram a sede do jornal hipotecada como garantia dos empréstimos.”

Página 98

“O Cinema Novo floresceu com a ajuda de Janio de Freitas, Armando Nogueira e Otto Lara Resende, que assessoravam informalmente José Luiz de Magalhães Lins, o principal executivo do Banco Nacional de Minas Gerais, sobrinho de Magalhães Pinto. Os três trabalhavam com Nelson Pereira dos Santos e conheciam Luís Carlos Barreto. Magalhães Lins financiava filmes, articulava na política, emprestava dinheiro a jornais e a jornalistas. Tinha enorme prestígio junto aos donos de jornais, que eram todos seus amigos, e desfrutava de um imenso poder como eminência parda. Nos bastidores foi um dos coordenadores da campanha pelo “Não”, um plebiscito que levou os brasileiros a votarem em favor da volta do sistema presidencialista em 1962.

Certa vez, a repórter Ana Arruda foi escalada para uma entrevista com o governador do então estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Em determinado momento, Lacerda fez duras críticas a Magalhães Lins…”

Página 105

“Dines voltou à Bloch para trabalhar na Fatos e Fotos. Até que, em janeiro de 1962, recebeu um telefonema de Nascimento Brito. Já se conheciam de uma viagem profissional aos Estados Unidos, durante a eleição que levou John Kennedy à presidência, em 1960. E seu nome foi indicado a Brito pelo banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, do Banco Nacional de Minas Gerais.”

Página 114

“Assim, Beatriz Bonfim chegou adolescente ao Rio de Janeiro. Graças às boas relações da família com um dos donos do banco Nacional, José Luiz de Magalhães Lins, dona Sinésia foi trabalhar como secretária executiva de Manoel Francisco do Nascimento Brito. Beatriz foi junto, para um estágio na reportagem do JB.”

Página 194

“Evandro soube depois que seu nome fora indicado pelo banqueiro José Luiz de Magalhães Lins – o onipresente.”

Página 196

“A tarefa de Evandro Carlos de Andrade e Henrique Caban era clara: ocupar o espaço do JB, atropelá-lo, transformar O Globo no grande jornal do Rio de Janeiro e ganhar o mercado publicitário. Roberto Marinho planejava isso há alguns anos, desde que conseguira tirar a TV Globo do atoleiro da dívida com a Time-Life, com o socorro decisivo de José Luiz de Magalhães Lins.”

“… Chagas Freitas, presidente do Sindicato das Empresas Jornalísticas, amigo próximo dos dois, tentou uma conciliação. “Vocês têm que conviver. Um confronto pode ser mortal para os dois”, dizia Chagas separadamente aos dois inimigos. O mesmo fez José Luiz de Magalhães Lins. Mas as decisões estavam tomadas.”

Página 219

“…Miguel Lins resolveu levar o amigo ao hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, onde se constatou que a azia, na verdade, era um enfarto do miocárdio que se iniciara logo depois do almoço e que por milagre não fora fatal. Mas houve problemas no atendimento: quem pagaria a conta? Castelinho só pôde ser internado quando Lins se mobilizou e José Luiz de Magalhães Lins enviou um cheque em branco como caução.”

Páginas 268

“O banqueiro José Luiz de Magalhães Lins trabalhava em uma mesa enorme, sem papéis ou máquinas, com apenas um telefone em cima. Era um mestre em vários setores, um grande, mas discretíssimo articulador político e cultural, que trabalhava de forma quase subterrânea, presente em todos os setores da vida carioca e do país. Magro, falava pouco e baixo, muito branco, sempre tinha as mãos frias, quase geladas, segundo a descrição de Alberto Dines. Odiava viagens, e apenas uma vez na vida saiu do país, para uma visita a Nova York.

Magalhães Lins ajudava jornais e jornalistas em dificuldades. Nomeou ministros até no governo teoricamente inimigo de Jão Goulart; financiou filmes e grande parte do Cinema Novo; ajudou o Botafogo a contratar o meia Didi, autor do primeiro gol no Maracanã, em 1950. Seu patrão no Bano Nacional, o tio Magalhães Pinto, era uma raposa política que fazia da vida uma eterna luta para chegar à presidência da República. Já ele preferia atuar na sombra, ausente das páginas de jornais. Como Chagas Freitas, era amigo próximo tanto de Nascimento Brito quanto de Roberto Marinho, os dois poderosos inimigos. Mas não ajudava apenas figurões. Em outubro de 1965, ele recebeu em seu gabinete de trabalho um bilhete de um funcionário subalterno do Banco Nacional, um rapaz muito jovem e bem magrinho que sonhava em ser jornalista desde menino, e que resolveu arriscar tudo. A sede do Banco Nacional era bem perto do JB e Luís Carlos Mello, o rapazola, todo dia, ao chegar ao trabalho, olhava encantado para o edifício Pereira Carneiro, do outro lado da rua: “Se Deus quiser, um dia ainda vou trabalhar ali”, sonhava.

Intrigado, Magalhães Lins resolveu ajudar o rapaz que lhe enviara o bilhete pedindo-lhe que servisse de pistolão junto ao JB. E respondeu, também por escrito: “Procure o Alberto Dines em meu nome.”

Página 269

José Luiz de Magalhães Lins passou a ajudar o JB com empréstimos bancários e leniência nas cobranças. O prédio da avenida Brasil, 500, foi concedido em hipotéca pelos empréstimos.”

Página 485

“Quattroni era também amigo de Nascimento Brito e de José Luiz de Magalhães Lins, antigo executivo do Banco Nacional.”