O Jornal (1959)
Lição de um jovem
Fato inédito vem de ocorrer nos meios bancários do país e que merece um registro especial pela lição que êle encerra e como exemplo às gerações que se formam num país ainda jovem como o Brasil. Em síntese, é o seguinte: um moço de apenas 30 anos de idade, encontra-se desde o dia 28 do corrente, como diretor de três estabelecimentos bancários ao mesmo tempo.
Trata-se do Sr. José Luiz de Magalhães Lins que, depois de ser conduzido ao cargo de diretor-adjunto do Banco Nacional de Minas Gerais, acaba de ser escolhido para a presidência de dois bancos desta capital: o “Sotto Mayor” e o “Comercial de Minas Gerais”.
Revelando-se, desde a adolescência, um banqueiro perspicaz, tem o Sr. José Luiz de Magalhães Lins imprimido expressivo impulso aos departamentos do Banco Nacional de Minas Gerais que lhe são subordinados. Seu entusiamo pelo estabelecimento é de tal modo contagiante que não lhe tem faltado o apoio decidido de todos quantos com êle trabalham. Homem de larga visão, firmou-se em pouco tempo como banqueiro pela sua atuação comprovadamente eficiente e que culminou com a sua eleição para presidente de dois outros estabelecimentos do gênero.
A vitoriosa carreira do dinâmico banqueiro constitui, sem nenhuma dúvida, como dissemos acima, um exemplo às novas gerações brasileiras. Numa época de pessimismo e de descrença generalizada, é confortador, estimulante mesmo, assistir-se no mundo privado dos negócios bancários, a ascensão pelo próprio esforço, pela própria capacidade, de um jovem que, fugindo às sinecuras de um emprego público, se dedicou devotadamente, num idealismo digno de imitação, a um estabelecimento bancário que outros dois foram buscá-lo para fazê-lo seu presidente.
Revista PN - Entrevista
13 de março de 1958
UM POUCO DE HISTÓRIA
“O Banco Nacional de Minas Gerais foi fundado em 1944 pelos irmãos (José – 1909 – e Waldomiro – 1911-1945) Magalhães Pinto. Ambos de descendência modesta começaram a vida como escriturários de bancos. José, com 16 anos, submeteu-se a concurso e foi admitido no Banco Hipotecário de Minas Gerais, transferindo-se mais tarde para o Banco da Lavoura de Minas Gerais como gerente em Belo Horizonte. Pouco tempo depois, com 22 anos, se viu guinado ao posto de diretor do então pequeno banco, ao qual com o vigor de sua mocidade e do seu entusiasmo, deu as bases do que viria a ser hoje o maior estabelecimento bancário da América Latina.
Em 1944, tendo assinado o famoso “Manifesto dos Mineiros”, retirou-se do Banco da Lavoura com seu irmão Waldomiro, superintendente do mesmo banco. Logo em seguida, com um grupo de amigos, os dois irmãos fundaram o BNMG, com um capital de Cr$ 60 milhões, bastante elevado para a época, mas que foi subscrito incontinenti, numa demonstração de confiança e apreço do povo.
Fundado em Belo Horizonte, ainda em 44 estendeu suas atividades à capital da República, voltando as vistas, em seguida, para outras praças.
Em 1945, Waldomiro morreu e, em homenagem, o endereço telegráfico do banco passou a ser “Walmap”.
Segundo o Sr. José Luiz Magalhães Lins, ainda hoje o BNMG é a atividade que mais apaixona seu tio – o Sr. José Magalhães PInto (Deputado Federal pela UDN mineira, de que é Presidente).
– O Presidente do BNMG muito tem dado de si a Minas e ao Brasil – assinala o Sr. José Luiz. Foi Secretário de Finanças de Minas durante o honrado e operoso governo do Sr. Milton Campos, foi Presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, é diretor e fundador da Cia. de Seguros Minas Brasil e é professor catedrático da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais.
Comenta:
– Antes de tudo, porém, meu tio é um banqueiro. Graças à sua orientação é que todos nós temos podido fazer deste banco um estabelecimento modelar, que é hoje o que mais cresce no Brasil.
O entusiasmo de José Luiz é incontido. Poucos homens, neste país, falam com tanto calor e transmitem tanta segurança de que seus objetivos serão alcançados. É muito jovem: nasceu em 12 de abril de 1929. Entrou no BNMG com 18 anos. Cargo: datilógrafo. Depois, contador de agência, sub-gerência, chefe de pessoal e da produção e hoje gerente regional, tendo a seu cargo a superintendência das agências do Distrito Federal, Estado do Rio, Brasília e norte do país. Como já dissemos, entra no banco às 7 da manhã e nunca sai antes das 19 horas.
Para êle, este ano é de consolação, com expansão. Na verdade, vive pensando em mais números, mais depósitos para mais empréstimos. Também mais agências, indo ao encontro do público.
– Êste ano – informa – inauguraremos uma agência no centro varejista do Rio de Janeiro, ali na Gonçalves Dias, onde apresentaremos algumas novidades.
Vai buscar a planta da loja. Sua fisionomia se ilumina:
– Disporemos de um amplo salão com ar condicionado, recepcionista, máquina de escrever, telefone, para servir aos nossos clientes de outras praças que venham recomendados pelas nossas agências. Sem quaisquer ônus para êles, lhes daremos informações, reservaremos acomodações nos hotéis, traçaremos roteiros turísticos e lhes providenciaremos as passagens. Um serviço de relações públicas que os manterão cada vez mais ligados ao BNMG.
Mas não é só.
– No ano que vem – continua José Luiz – inauguraremos nossa sede própria de 6 dos 22 andares do prédio que está sendo construído na Avenida Rio Branco, esquina com ouvidor. Faremos uma instalação com todos os requisitos da técnica moderna aplicada ao nosso setor de atividade: música funcional, sala de televisão, além da sala de recepção para os clientes, etc. “
Coleção Gente - Theophilo de Azeredos Santos
Pág. 10 “…Como contador de casos e cronista de sua época, faz da entrevista um prazer para seus ouvintes e para si próprio. Theophilo conhece praticamente todos os homens importantes, assim como muitos anônimos, de seu tempo. Lembra, por exemplo, da composição dos tribunais federais de há quarenta anos, assim como do nome de clientes e colegas da época de seu tio José Magalhães Pinto, do Banco Nacional, ou de seu primo José Luiz Magalhães Lins, que considera um banqueiro exemplar.” Pág. 45 “… No Rio, trabalhava com meu tio e com meu primo, José Luiz Magalhães Lins, que numa determinada época foi considerado o banqueiro mais eficiente do mercado, e também o de maior simpatia, na opinião dos clientes e da comunidade bancária. Ele costumava chegar no banco às sete horas da manhã, e jamais saía antes das dez da noite. Começou lá embaixo e foi subindo sempre, por meio próprio.” Pág. 46 “… Sua função era a principal e, sem dúvida, foi quem deu arranque ao banco para que se transformasse num dos maiores do País. Através dele, num dado momento, o Banco Nacional se tornou um sério concorrente, no Rio, do Banco Boavista, da família Guinle de Paula Machado, que era uma notória instituição carioca. Dizia-se no mercado: “Só quem pode concorrer com o Boavista é o Zé Luiz”.”
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Entrevista com José Aparecido de Oliveira
Deputado Federal, Governador de Brasília e Embaixador em Portugal.
Marcel Souto Maior
15 de Outubro de 2001
“Não houve nada intencional. JLML queria firmar a liderança dele, a autonomia dele, tem toda a razão, mas esbarrou na resistência dos primos”, ele diz. José Aparecido diz que JLML foi fundamental para que a família de Magalhães Pinto tivesse o controle acionário do grupo. “A estratégia de compra de ações, toda a operação foi liderada por ele. E claro que Magalhães Pinto estava por trás, mas ele foi fundamental.”
Prêmio WALMAP - O Globo (1964)
Porta de Livraria Antônio Olinto Lança hoje “Porta de Livraria” o maior concurso literário já organizado no Brasil: o Prêmio Walmap destinado a romance inédito e doa dois milhões de Cruzeiros para o autor da história classificada em primeiro lugar. Eis o regulamento deste concurso, que tem o patrocínio de José Luiz de Magalhães Lins: 1 – Com o propósito de estimular o aparecimento, no Brasil e em língua portuguesa, de obras literárias de nível acima do comum, fica instituído, pela “Porta de Livraria”, de O Globo, e sob o patrocínio de José Luiz de Magalhães Lins, o Prêmio Nacional Walmap, destinado, em 1954, a romance inédito. 2 – O autor do romance classificado em primeiro lugar receberá a quantia de dois milhões de cruzeiros (CR$ 2.000.000,00) e conservará a faculdade de negociar a publicação da obra premiada bem como de perceber os direitos autorais respectivos. 3 – Cada romance terá o mínimo de duzentas (200) páginas de papel tipo ofício, datilografada, num só lado, em espaço dois. 4 – Os originais deverão estar sob pseudônimo, e acompanhados de sobrecarta identificadora, fechada, em cujo interior esteja repetido o pseudônimo do concorrente, cujo nome verdadeiro e endereço constarão de papel contido na mesma sobrecarta. 5 – Cada romance será encaminhado, em três (3) vias, a Antônio Olinto, “Porta de Livraria”, O Globo, Rua Irineu Marinho, 35, Rio de Janeiro, GB. 6 – O recebimento de originais se fará no período compreendido entre 1 de julho de 1954 e 31 de março do mesmo ano. 7 – Uma comissão julgadora, composta de três membros e escolhida pelo promotor e pelo patrocinador do concurso, dará seu parecer, em ata assinada, até 31 de março de 1955. 8 – O patrocinador do Prêmio Nacional Walmap, José Luiz de Magalhães Lins, fará entrega do mesmo, em data a ser marcada por ocasião da decisão da comissão julgadora. 9 – Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos de comum |
História do Prêmio WALMAP (1964)
Dicionário Literário Brasileiro
Raimundo de Menezes
1964
“Prêmio Walmap ( 1964 ) – “O prêmio “Walmap” nasceu em 1964, para suscitar o aparecimento de obras literárias acima do nível comum. Seu idealizador, o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e o escritor Antônio Olinto, lançaram-no pela coluna “Porta de Livraria”, do jornal O Globo (RJ). O nome Walmap, que passaria a designar o maior e mais importante prêmio literário do Brasil, foi dado pelo banqueiro, em homenagem ao seu tio Waldomiro Magalhães Pinto, fundador e primeiro diretor do Banco Nacional de Minas Gerais. Dos seus 27 ganhadores, nestes últimos quatro anos, apenas Almir de Andrade, Maria Alice Barroso e Sérgio Viotti eram nomes já conhecidos. Os restantes 24 apareceram graças ao concurso. No ano do lançamento, o prêmio para o autor do romance classificado em primeiro lugar era de 2 mil cruzeiros, além da autorização para negociar a publicação da obra e recebimento dos direitos autorias.
Nos seis meses em que as inscrições estiveram abertas, a comissão julgadora recebeu 203 originais correspondentes. Dado o grande interesse despertado, foi criado mais um prêmio de “menção honrosa”, e sete “menções para publicação”. No ano seguinte o BNMG acrescentaria mais quatro colocações, além da primeira. Lançado em ano par, para premiação em ano ímpar, o “Walmap” já distinguiu 27 romances. O vencedor em 1965 foi Assis Brasil, com Beira Rio, Beira vida; em 1967, Osvaldo França Júnior, com o romance Jorge, um brasileiro; em 1969 venceu Sérgio Viotti, crítico de teatro de O Estado, com E depois nosso exílio. Em 1971, o paraibano André de Figueiredo, com O labirinto. Em 1973, Ledo Ivo, com Ninho de cobras. E , Em 1975, Carlos Drummond de Andrade, com Impurezas do branco e Assis Brasil, com Os que bebem como cães (romance).”
Foto Prêmio WALMAP Guimarães Rosa - O Globo (1964)
Fotografia de José Luiz de Magalhães Lins com Alina Pain (2ª colocada), Assis Brasil (1º colocado) e Guimarães Rosa.
Prêmio WALMAP (1965)
BEIRA RIO, BEIRA VIDA
Assis Brasil
Em “A dissolução da Idéia de Ciclo Narrativo
Na Concluência do Regional e do Nacional”
Francisco Venceslau dos Santos
“Primeiro situando o autor e o romance. Assis Brasil tem mais de cem livros publicados, nos gêneros ficção e crítica literária. Um dos melhores ensaios sobre Faulkner é dele: Faulkner e a técnica do romance. Beira rio, beira vida, publicado em 1965, é um marco na sua obra. Com este romance, o autor teve uma boa recepção crítica, abrindo novas perspectivas para a ficção brasileira contemporânea, além de ganhar o Prêmio Nacional Walmap, patrocinado pelo banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e “Porta de Livraria” de O Globo. Mais de duzentos romances, do Brasil, de Portugal e Israel, concorreram.”
Prêmio WALMAP (1967)
DEUS DE CAIM
Ricardo G. Dicke
Em “letraselvagem.com.br”
Luís Avelima
11 de dezembro de 2010
“… Como surge Ricardo Guilherme Dicke no cenário literário nacional?
A história todos sabem: em 1967, o prêmio Walmap – que fora idealizado em 1964 pelo banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e o escritor Antonio Olinto – premiou esse escritor fabuloso, ao lado de Oswaldo França Júnior, com uma obra que satisfazia em cheio o objetivo do certame, que era descobrir obras acima do chamado nível comum.”
Prêmio WALMAP (1969)
FUNDADOR
Nélida Piñon
Em “Nélida Piñon no campo literário brasileiro”
M.Carmen Villarino Prado
2009
“Nessa altura, a jovem escritora Nélida Piñon anuncia – através de notícias na imprensa – que tem vários livros preparados, e que procura uma editora para lançar o seu Primogênito dos mortos, que finalmente virá à luz em 1969 com o título de Fundador.
O ano de 1969 é um momento destacado na trajetória da autora carioca, pois, pela primeira vez uma obra sua, Fundador, recebe um prêmio. Com esse romance – o seu quarto livro – Nélida Piñon é distinguida com Menção Especial do Prêmio Walmap 69. O Walmap era um prêmio prestigiado, que promovia o jornal O Globo, e contava com o patrocínio de José Luiz de Magalhães Lins, do Banco Nacional de Minas Gerais.”
Prêmio WALMAP (Artigo do jornalista, poeta, compositor e intérprete Luiz Avelima)
Artigo do jornalista, poeta, compositor e intérprete Luiz Avelima, em seu blog, em que José Luiz de Magalhães Lins é citado.
07 de dezembro de 2010
“A história todos sabem: em 1967, o prêmio Walmap — que fora idealizado em 1964 pelo banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e o escritor Antonio Olinto — premiou esse escritor fabuloso, ao lado de Oswaldo França Júnior, com uma obra que satisfazia em cheio o objetivo do certame, que era descobrir obras acima do chamado nível comum.”