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“Aprendi com Vinícius Caldeira Brandt, meu antecessor na presidência da UNE, e também da Ação Popular, que o único jeito de evitar a inadimplência da entidade era recorrer a empréstimos bancários, a juros nominais módicos. Fiquei espantado, mas descobri que os caminhos passavam pelo presidente do Banco Nacional, instalado no Rio de Janeiro; Era um homem jovem, inteligente e, ao contrário do patrão, boa-pinta: José Luiz de Magalhães Lins. Era parente do dono do banco, o então governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, udenista que disputava com Carlos Lacerda a indicação do partido para ser o candidato à Presidência.”
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“O “Nacional” emprestava tendo como garantia a dotação orçamentária. Era principalmente a política mais do que as questões práticas, o que ocupava o tempo das conversas com José Luiz. Eu me surpreendia ao vê-lo falar ao telefone, passando notas, considerações e sugestões de temas a repórteres políticos de jornais e revistas. O mais notável deles era Carlos Castello Branco, leitura obrigatória da diretoria da UNB. José Luiz dava uma informação, recebia outra de volta, fazia um suave juízo de valor a respeito, indagava sobre um assunto que o interessava. Era fascinante observar corno um articulador de elite, na direção de um banco, fazia política pelos jornais. ”
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“Ao lado de Duarte Pereira, Vinicius Brandt era o mais culto do nosso meio. Notívago e vocacionado para a gastrite, como eu, ele admirava a segurança com que dizia coisas, fossem certas ou erradas. Depois da posse da nova diretoria, ficou no Rio mais uns dias, a fim de passar dicas e apresentar-me a Brizola e dirigentes da CGT, além do banqueiro Magalhães Lins. Levou-me também à casa de um deputado da Frente Parlamentar Nacionalista, o já mencionado Max da Costa Santos, onde estava o jovem jornalista que reformulara o Correio da Manhã, Jânio de Freitas, com fama de enigmática e perspicaz.”