REVISTA PIAUÍ
Dezembro de 2011
“…Houve também um lance complicado, logo depois da saída do Joe Wallach, o americano que veio nos ajudar a construir a Globo. Na carta de despedida do Joe, em que ele incluía sugestões para serem aplicadas, havia uma em que ele recomendava que seu cargo não tivesse um substituto. Mas o dr. Roberto Marinho, ouvindo seu amigo José Luiz de Magalhães Lins, contratou o jovem economista Miguel Pires Gonçalves para ocupar a superintendência administrativa.
O advogado Miguel Lins, a pedido do José Luiz, me convidou para um vinho na casa dele. Contou-me então que o dr. Roberto havia pedido ao José Luiz alguém com um perfil autoritário, capaz de me controlar administrativamente com “uma torquês na minha orelha”, conforme a expressão que usara.
Mas o Miguel me disse que o objetivo da conversa era atender a um pedido do José Luiz, para que eu recebesse com boa vontade o Miguel Pires Gonçalves, pois ele chegaria mansinho, pronto para colaborar comigo. Mas não foi bem assim. Jovem demais e inexperiente, ele reclamou, como se tivesse algum direito para isso, de eu ter dito aos meus companheiros que as coisas já estavam acertadas e que nada ia mudar. E não havia mesmo nada a mudar, porque tudo ia muito bem.”