Página 183
“…Foi quando recorri ao jovem banqueiro José Luís Magalhães Lins, que me abriu crédito na hora, espantando-se com a minha confissão de haver relutado em procurá-lo e nunca anteriormente haver feito vultuosa operação bancária. Expliquei-lhe”….
Página 184
“José Luís fez, então, muito mais que me emprestar o dinheiro que eu precisava. Falou, demoradamente, de sua filosofia de operar, de seu empenho em diluir os riscos de sua organização bancária, em franca expansão, emprestando parcelas cada vez menores a número de clientes cada vez maior”.
“…José Luís abriu-me o seu livro, falou de seus planos futuros, cortou o espaço com um gesto largo estendendo os braços para cima, como a indicar que suas ambições abrangiam o Brasil inteiro.” “… quando saí de seu banco, trazia não apenas o dinheiro para compra das impressoras, de que eu tanto necessitava, mas também um caderno cheio de anotações para uma reportagem interessantíssima. Estabeleceu-se, assim, uma sólida amizade, cheia de compreensão e respeito mútuos”.
Página 185
“Dois anos depois de publicada aquela reportagem, José Luís, me chamou ao seu gabinete.
– Venha agora – disse ao telefone – É urgente. Tenho um grande negócio para você.
Quando cheguei, pulou da cadeira e veio ao meu encontro, sorridente, de braços abertos.
– Controle suas emoções – disse. – Este seu amigo lhe reserva uma grata surpresa.
Pediu que me sentasse. Abriu sobre a mesa, diante de mim, uma reportagem que minha revista havia publicado sobre o tradicional “Jornal do Commercio”. Iniciou, como de hábito, sem rodeio:
– Este jornal está nas minhas mãos. San Tiago Dantas quer vendê-lo”.
“… Não respondi. José Luís insistiu:
– Compreende?
– As razões de San Tiago, compreendo. Quem não deseja ter um instrumento político nas mãos como um jornal? Minha dúvida…
– Que dúvida? atalhou José Luís.
– É sobre as vantagens do negócio, ficando a orientação política subordinada a San Tiago. De qualquer forma, é um assunto a estudar”.
Página 186
“José Luís se exasperou:
– Como assim? Você não percebe a oportunidade? Por favor, não me desaponte. Eu tenho uma grande confiança em você. Eu sei que você é capaz. É homem para a empreitada.”
“…Disse-lhe francamente que para sua linha política melhor seria fundar um novo jornal. Repeti, depois, minha opinião a José Luís, declinando, com firmeza, sem admitir maiores discussões, da grande oportunidade que ele acreditava me proporcionar”.
Página 187
“…os planos de José Luís, mas, com certeza, teve o mérito secundário de aumentar-lhe o respeito pelos meus propósitos.”
“A maior qualidade que aprendi a admirar no banqueiro José Luís Magalhães Lins é a presteza com que diz um sim ou um não. É de uma lucidez e objetividade extraordinárias. Como ser humano sua maior virtude é a permanência de atitude. Inteireza de caráter. Grandeza de alma. Numa palavra, é amigo. Ou melhor, é o amigo em que se pode confiar”.