José Luiz de Magalhães Lins

Trechos de Livros

Diário da Corte

Crônicas do Maior Polemista da Imprensa Brasileira

Paulo Francis

Página 145

“… Um dia abro o suplemento literário de Reynaldo Jardim e Ferreira Gullar, no Jornal do Brasil, e havia um artigo me baixando o malho, assinado por Glauber Rocha, da Bahia. Para surpresa geral dos amigos, não respondi. O fato é que achei o artigo excelente.

Um dia na sala do Dico [37] (hoje um dos diretores do Banco Nacional de Minas Gerais, agora Nacional apenas), fui apresentado a Glauber. Era uma sala rica essa. Janio de Freitas, Ferreira Gullar, Cacá Diegues, todo o Cinema Novo, e agora Glauber Rocha. Ficamos amigos na hora e passamos a noite conversando, eu fascinado com o tipo de inteligência anárquica e inspirada dele, sem meus amparos culturais e cinismo jesuítico, e ele talvez interessado na minha pseudofleuma europeizada (ele nunca cometeria o erro de me imaginar americanizado). Foi nessa sala, falando nisso, no Banco Nacional, que nasceu o Cinema Novo. Dico encaminhava os projetos de Glauber, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro e outros diretores em potencial, e o diretor do banco então, José Luiz de Magalhães Lins, emprestava o dinheiro, um risco bravo.”

 

(37) Raymundo Wanderley, Dico, foi um dos produtores de Terra em transe.[N.O.]