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“… Ao se aproximar a data do plebiscito, marcado para 6 de janeiro de 1963, foi desfechada pelo governo a mais ruidosa, a mais cara, a mais despudorada campanha a favor do “NÃO”. Ninguém procurou explicar ao povo que o “sim” representaria a manutenção do sistema parlamentar; e o “NÃO”, a volta ao presidencialismo. Nada disso. A propaganda oficial mais impudente, nos jornais das capitais e das cidades do interior, nas estações de rádio e na TV, conclamavam o povo a escrever “NÃO”, porque o “NÃO” significaria progresso, terras para todos, felicidade, abundância, fartura, enfim, o “NÃO” poria fim a todos os males que afligiam o povo. Como a população sofria a mais tremenda alta do custo de vida, jamais vista, os slogans oficiais exploravam o sofrimento do povo. “No dia 6 de janeiro diga “NÃO” ao tubarão”. A publicidade mandava escrever “NÃO” à miséria, “NÃO” à espoliação imperialista, “NÃO” à violação das liberdades. A massa cansou-se de ler, ouvir e de ver esta frase que correu o Brasil inteiro: “Chegou a hora de dizer NÃO contra a miséria, contra o analfabetismo, contra a falta de terras, contra a usurpação do seu voto. No dia 6 de janeiro, marque “NÃO”. Segundo afirmação de Carlos Lacerda, essa campanha foi financiada por José Luiz de Magalhães Lins e outros banqueiros. (140)”
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“… Armando Falcão, depois de avisar Carlos Lacerda, telefonou para o General Castelo Branco; este imediatamente ligou para o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, sobrinho de Magalhães Pinto, a quem fez sentir que o “movimento, além de inoportuno, parecia-lhe impatriótico, porque poderia desencadear a guerra civil”.