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“Os artigos e manifestos cinemanovistas batiam em algumas teclas e revelavam algumas constantes: o cinema deve melhorar o mundo, deve refletir criticamente sobre o subdesenvolvimento, deve ter originalidade estética, deve tentar (o que não conseguiu) se aproximar do povo. Era uma manobra excessivamente complicada para ser levada a cabo por aqueles jovens da classe média. Mas eles amavam o Brasil e acreditavam no povo. O Cinema Novo nasceu assim, pobre, rebelde e generoso, tentando reinventar o país. Com o boom literário hispano-americano, contribuiu para a explosão cultural da América Latina do pós-guerra. O dinheiro vinha dos papagaios no Banco Nacional de Minas Gerais, sempre intermediados por Otto Lara Resende, Armando Nogueira e Jânio de Freitas, que assessoravam José Luiz de Magalhães Lins e eram amigos de Luis Carlos Barreto. Barretão, fotógrafo da revista O Cruzeiro, estava na Bahia quando soube que Glauber Rocha esta filmando Barravento. Nasceu aí a amizade entre os dois e Barreto se bandeou para o cinema”