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“No Rio de Janeiro, quem quiser produzir um filme deve procurar o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins. Este foi o método usado para Deus e o Diabo, mas eu tinha ainda muitas dúvidas, pois as vendas internacionais estavam em compasso de espera e as rendas internas iam diretamente para os credores”.
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“… E eu resolvi nem procurar o José Luiz, pois não me interessava dar explicações hipócritas. Deus e o Diabo era violento, a responsabilidade era minha. E o fato de Lacerda não ter gostado e ter perseguido era até um bom sinal para o caráter do filme”.
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“…Inclusive o Terra em Transe o Zé Luiz financiou, emprestou 7 milhões, mas de uma forma inteiramente discreta, quer dizer não me perguntou para que era o dinheiro. Não perguntou que destino teria. Ele tinha sido criticado violentamente pelo Lacerda e por outros elementos, porque ele estava financiando o Cinema Novo. Inclusive na première de Deus e o Diabo, numa sessão privada, o Zé Luiz pediu para ver o filme. Eu convidei o Zé Luiz e o Araújo Neto. O Zé Luiz levou uns amigos dele para ver o filme. Quando o filme terminou, os amigos do Zé Luiz começaram a criticar o Zé Luiz na hora: “Você está financiando um filme “comunista” e tal. Eu estava presente e foi um vexame. Quem salvou o ambiente foi o Araújo Neto, que começou a elogiar o filme e tal… e o Zé Luiz viu que o filme tinha tido a maior repercussão entre os amigos mineiros dele, o Fernando Sabino, Otto Lara , esse pessoal todo. Então, na época de Terra em Transe, 1966, depois do golpe, o Zé Luiz era um cara muito visado pelo fato de ter financiado toda a cultura de esquerda, como eu já expliquei. Ele me emprestou 7 milhões sem perguntar para quê”…..