HOWARD HUGHES CARIOCA
Revista Status
Maio de 1979
“Numa de suas últimas edições, o JB do Rio estampa uma foto em que aparecem juntos o ministro da Fazenda, Karl Rischbieter, o governador Chagas Freitas e o presidente do Banco do Estado do Rio, sr. José Magalhães Lins, De óculos escuros, bem escuros, aliás, cara secreta, esta foi uma das raras vezes que José Luís apareceu na imprensa carioca nesses últimos anos. Entretanto, ele já foi uma das pessoas mais solicitadas, faladas e queridas do Rio. Sobrinho de Magalhães Pinto, José Luís ascendeu ao posto máximo da direção do Banco Nacional do Rio. O seu gabinete era a encruzilhada de alguns líderes políticos e militares dos mais importantes do país. Sua influência direta junto às direções e os principais diretores e redatores dos jornais cariocas era quase dogmática. Ninguém melhor do que ele para compor situações nos bastidores, reconciliar adversários, financiar e animar valores, como ocorre no chamado Cinema Novo. Subitamente José Luís sumiu do cenário.
Ninguém sabe até hoje por que ele se afastou da direção do Banco Nacional, rompendo inclusive suas relações pessoais com o próprio tio e protetor, Magalhães Pinto. Segue-se a ruptura sem maiores explicações com todos os amigos de Magalhães, alguns dos quais eram como irmãos do próprio José Luís. Ele ressurgiu pouco depois na presidência da Light, onde em menos de seis meses largou o cargo e submergiu em seu palácio ao pé do Corcovado, na rua Icatu, em Botafogo, mais protegido do que numa fortaleza atômica na Pensilvânia. Agora, José Luís ressurge. E num modesto cargo público. Que haverá por trás dessa decisão de José Luís, íntimo amigo e confidente de Chagas Freitas? Uma vaga ligação com a ascensão de Chagas em 81 é permissível de se estabelecer com o retorno dessa espécie de Howard Hughes nacional, como alguns amigos gostam de chamar o imprevisível José Luís de Magalhães Lins.”