Uma compilação de citações e reflexões pessoais de José Luiz de Magalhães Lins.
- O cotidiano não tem música de fundo como nos filmes.
- Não se pode fazer concessões à lealdade.
- Não trair nunca, mesmo que seja obrigado a arcar com os maiores sacrifícios, prejuízos e incompreensão.
- O principal é a honra.
- De um modo geral, nenhuma grande conquista é feita impunemente.
- Nunca mentir! Dizer, se necessário, parte da verdade: 90%, 80%, 70%, 30%, 20%…
- Preliminar permanente e fundamental: ter e manter, nos momentos difíceis, a serenidade.
- Uma das maiores virtudes a cultivar: o equilíbrio.
- Não há reconhecimento. Faça sem esperá-lo!
- Evitar as pessoas sem dúvidas.
- Nunca se vingue! Mesmo que a justiça grite e reclame e as condições sejam totalmente favoráveis, aguarde porque o “Dr. Destino” jamais esquece. Ele é sempre implacável.
- Na maioria das vezes, o castigo vem no decorrer da vida.
- Lembrar do passado é sempre um refúgio, estando hoje bem ou mal.
- No embate da vida, o que importa é o resultado. Ao vencedor não se pedem explicações. Só ao perdedor cabe dar explicações ou ser julgado.
- Escrever é muito difícil. Mas, o mais difícil é pensar bem.
- Se não és humilde, procura parecer sempre.
- Após duas décadas, evitar reencontros. No mínimo, é muito decepcionante e chocante.
- Simplifique ao máximo a etiqueta social (batizado, casamento, sepultamento, etc.). O predomínio é o da hipocrisia, com muito pouco ou nenhum sentimento positivo.
- É muito bom não se queixar, tanto para os outros, quanto para consigo mesmo, que é o principal.
- Ser humano: defeito de uso (vida cotidiana) se corrige; de fábrica (nascença) é muito difícil.
- A pretensão é uma doença terrível. Quando se percebe, é raro, a pessoa já está moribunda.Não há ninguém inofensivo.
- A teimosia é prima da burrice.
- As pessoas que fazem “sem querer”, por ignorância, constituem, às vezes, maior risco do que as pessoas que fazem “de propósito”, mal intencionadas.
- Diferença entre ignorância e burrice: o ignorante, como o nome indica, é o que não sabe. O burro é o que aprendeu e não tem plena percepção do episódio ou do problema. Fica simplista.
- Contaminação: a inteligência não é transmissível; a burrice é pior do que gripe.
- A boa fé é prima da ingenuidade.
- A inteligência tem limite; a estupidez não.
- É provável esquecermos a quem nos fez bem, improvável a quem nos fez mal.
- Um dos maiores problemas e de solução dificílima é o espelho. Em outras palavras, você perante a você mesmo.
- No espelho, você se vê como quer. A fotografia é seu retrato verdadeiro.
- Todos têm maus sentimentos. O que é preciso é obrigá-los a permanecer sempre adormecidos ou controlados.
- De um modo geral, vemos as nossas qualidades quase sempre com lentes de aumento. Já para as nossas deficiências, sempre pedimos um microscópio.
- Quem só aceita a perfeição, tem que ficar sozinho.
- A viagem só é agradável, quando se leva, além do corpo, o pensamento.
- Um ditado mineiro: “só se pode confiar inteiramente numa pessoa, após comer com ela uma saca de sal”. Em outras palavras, é preciso atravessar juntos uma grave dificuldade, para avaliar o grau de solidariedade, de amizade, etc.
- O ressentimento não é inteligente. Mesmo assim, as pessoas o cultivam.
- A dor é sempre individual. Você pensa que pode partilhar, mas ela não diminui.
- Não conheci e nem soube de nenhum velho completamente feliz.
- A religião é fruto do medo.
- Se um dia o homem nascer e viver sem perigo, não haverá religião.
- Prova de que não há castigo imposto por divindades em contrapartida às maldades feitas: pavilhão infantil do Memorial Hospital.
- Já se foi o tempo em que eu pensava em melhorar. Agora, todo o esforço é para não piorar.
- Paciência e tolerância: não tenho, mas pratico permanentemente há mais de meio século.
- Nunca procurei a diversão. Tenho sido mais ambicioso: busco o sossego.
- O meu maior prazer é o mais difícil de ser conseguido: tranqüilidade de espírito.
- Poucas vezes consegui fazer o que gosto, mas tenho conseguido ultimamente não fazer aquilo de que não gosto.
- Nos dias de hoje, no meu mundo, como é difícil uma amizade verdadeiramente sincera.
- Às pessoas sempre devotei respeito.
- Minha avaliação é de que, para o existencial cotidiano, a TV foi predominante no século passado. Neste será a Internet.
- Não sei se existe Deus. Quanto ao Anjo da Guarda, no meu caso, tenho certeza.
- Um dos meus maiores “defeitos de fábrica” é o orgulho. Ele, na minha caminhada, involuntariamente, me fez inimigos entre os meus conhecidos, alguns identificados por mim, a maioria desconhecidos.
- Após o meu desaparecimento, esses conhecidos, ontem meus amigos, espalharão versões que não merecem a menor credibilidade. A melhor prova são os meus conhecidos que sempre em vida me respeitaram.
- Normalmente a piora é sempre rápida e a melhora sempre lenta.
- O sonho sempre alimenta a esperança.
- Não há paisagem feia ou bonita: o que existe é o estado de espírito.
- Viver é fácil, o difícil é conviver.
- Como é difícil conviver com uma preocupação.
- O bom é quando só se tem de pensar no dia de hoje.
- Será que o ideal é não ter vontade?
- Recuar, às vezes, é uma virtude.
- Em princípio, só se deve brigar por princípios.
- Prestar bastante atenção nas decisões certas que dão resultado errado.
- Muito importante: ter liderança e comando. A liderança é inata. O comando pode ser exercitado.
- Qualquer decisão, da mais importante à mais simples, sempre que for possível, deve ser tomada com estudo, com calma e, como é óbvio, por antecipação. Na hora, só se for emergência. Ser sempre prudente.
- É preferível o silêncio à má notícia.
- Paciência e esforço: cultivar.
- Raciocinar com a regra geral. Nunca com as exceções.
- Para fazer juízo, ouvir, no mínimo, dois lados.
- Evitar assumir riscos. Risco só calculado, isto é, sabendo perder, terá capacidade de suportar.
- Numa decisão final, não basta a inteligência. É preciso, acima de tudo, ter bom senso, ou seja, equilíbrio, despido de vaidade ou pretensão, com muita modéstia e humildade.
- Anotar todos os compromissos, ainda que menores. Tenho certeza de que a agenda não foi inventada no 3º mundo.
- Só se devem contabilizar os favores recebidos e não os feitos.
- Para ir para a frente, é bom sempre olhar para trás (ver o passado).
- Sempre que tiver problemas difíceis, procure a ajuda de advogados. Veja o exemplo norte-americano.
- O hábito de conversar consigo mesmo ajuda muitíssimo.
- Mesmo fazendo o máximo, não se consegue fazer tudo.
- Ninguém fica inteligente o tempo todo.
- Na maioria das vezes, a burrice é pior do que a má fé.
- Derrotas! Quem, de vontade própria, as relata?
- Mais perigoso do que a inveja é o ciúme. A inveja não cria o “assassino”, já o ciúme…
- Só se dá valor a um mar calmo, após atravessar tormentas perigosas.
- No regime capitalista, mais importante do que um bom emprego é uma boa poupança.
- A inflação é tão corrosiva que liquida até o avarento.
- É pena que a fortuna não seja como o ressentimento: quanto mais se usa ou se gasta, mais cresce.
- Aos colaboradores dar participação nos lucros.
- Não há país subdesenvolvido: existe povo subdesenvolvido.
- Na vida profissional, a ajuda é muito valiosa, mas maior ainda é a oportunidade.
- Predominância existencial: noção de cumprimento do dever.
- Postura mínima para o êxito: envolvimento e sofrimento.
- Objetivo permanente: perseguir o bom resultado.
- Até hoje, todas as lutas que travei e os inimigos que tive de constituir foram pessoas mais fortes do que eu. Nunca lutei com os fracos.
- Ao longo do meu trajeto, sempre trabalhei com a simpatia. Ajudou muito.
- Todos os grandes problemas que tive com pessoas, inclusive de difamação, foram com aquelas a quem fiz grandes favores, arriscando até a minha honra. É mais uma prova do provérbio chinês: “qual foi o favor que te fiz, para tanto me detestares?”
- Nas minhas costas, muitas lâminas estão cravadas. Os cabos consegui retirar.
- Numa decisão: mínimo de 51% ao instinto, máximo de 49% à lógica.
- Só fiz inimigos, poucos, por razões de lutar ou sustentar princípios. Nunca por poder, dinheiro ou outra coisa qualquer.
- Vi muitos, que eram ricos, ficarem pobres e poucos, que começaram do zero, ficarem ricos.
- Se até um grande país como os Estados Unidos só comporta um presidente, imagine uma empresa privada com dois…
- O trabalho nunca matou ninguém. O que mata é a preocupação.
- O estoque da sorte é sempre menor do que imaginamos. Procure economizar.
- A diferença de pensamento meu ontem e hoje é que, antes só pensava no presente e no futuro. Hoje, na maior parte do tempo, só penso no passado.
- O único bem que meu pai deixou para os filhos ao morrer foi seu exemplo. Digo: como é difícil transferir essa herança aos meus sucessores!
- Sempre me pergunto como consegui sobreviver a tantos combates, inclusive o do cotidiano, sem armamento (a não ser as quatro operações) e sem armadura. Como tive sorte!
- Conselho do meu pai: “melhor ser cabeça de mosquito do que rabo de leão”.
- Os pais de hoje devem funcionar com os filhos mais como freios do que como impulsionadores.
- O melhor presente que um filho pode dar aos pais é não preocupá-los.
- Diferença entre filho de pobre e filho de rico: os ricos só têm que descer o rio, enquanto os pobres têm sempre que subi-lo e o barco é a remo, quando tem.
- Filhos: até os 28 anos são um ponto de interrogação. Depois, dois pontos, ponto de exclamação, vírgula, etc., etc.
- O velho costuma ser sempre um bom conselheiro.
- Alguns, sem a percepção devida, pensam que a sorte é infinita.
- Até a honra se tem a chance de recuperar. O tempo, não.
- No meu tempo, a moral foi volúvel; a honra sempre imutável.
- Os melhores momentos são aqueles em que não se tem responsabilidade.
- A preocupação está relacionada diretamente com o grau de sensibilidade.
- Quem tem saúde devia ser proibido de fazer reclamação.
- Nada tem melhor lembrança do que o estômago.
- Entre a fome e a vergonha, escolha, sem relutância, a fome (ainda que só sua e que ninguém mais saiba). Mata, mas o sofrimento é menor.
- Quando passa a carruagem, você pensa no cocheiro ou no passageiro?
- Se na caverna houvesse água e comida, o homem ainda estaria lá.
- O importante não é o que as pessoas dizem, mas o que estão pensando.
- Para a pior dor física existe a morfina, mas para a desonra, dor existencial, não há remédio, pois nada alivia a alma…
- Diante do que vi e vivi, o que determina o próprio existencial é o estado de espírito.
- O que me intriga: o que pensam as pessoas nos momentos não ocupados.
- Constatação pessoal de vivência: o Inferno não fica no além! Ele é aqui!
- Quem tem cabeça (cérebro) nunca está sozinho.
- Não leve à oficina um carro muito usado, mas que roda normalmente, e peça para abrir o capô e examinar o motor. O mais provável é encontrarem defeito. É o que acontece com o idoso…
- O bem estar nunca é comentado e elogiado pelas pessoas… Já o mal estar é muito sentido e divulgado.
- É preciso cultivar os momentos de bem estar, que são raros até de serem identificados.
- Plena felicidade só na época da inocência.
- A humildade, se você não tem por virtude, precisa ter por esperteza. É preciso cultivar.
- Pior que a morte é o sofrimento.
- A realidade é pior que a ficção.
- De modo geral, a vida é muito triste.
- Das piores coisas que podem acontecer a um homem: suceder o filho.
- Grande prêmio para o vivo: morrer de repente (ideal dormindo). Aí não há sofrimento.
- No cotidiano controlar o inconsciente é muito difícil. Dificílimo.
- É pena que os humanos não tenham a cabeça (cérebro) das abelhas e das formigas. O mundo seria melhor? (reflexão feita aos 90 anos)
- Dizem que o elefante é o único ser vivo que “recebe o aviso” da morte – daí existirem os cemitérios de elefantes (eles sabem a hora em que devem procurar o lugar para morrer). (reflexão feita aos 90 anos)
- Cultivar o sexto sentido: importante e útil.
- O dinheiro está para a vida existencial, como o sangue para o corpo humano.